“Só sei que nada SEI” Socrátes
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
Filosofia: a arte de pensar
A
filosofia é uma disciplina algo diferente das outras. Em história ou biologia,
por exemplo, trata-se sobretudo de compreender um conjunto de importantes
resultados, e de saber eventualmente raciocinar com base neles. Raramente ou
nunca os estudantes se deparam com problemas em aberto, apesar de haver vários
problemas em aberto nessas disciplinas. Um problema em aberto é um problema que
os especialistas dessa disciplina não sabem resolver — estão a tentar
resolvê-lo agora, tal como no passado tentaram e conseguiram resolver os
problemas que deram origem ao que hoje são os resultados que estudamos nas
escolas e universidades. Porque em filosofia não há resultados consensuais
substanciais para estudar, esta disciplina exige dos estudantes — e dos
professores — uma atitude diferente da que têm relativamente a outras
disciplinas: em filosofia, não é apenas uma questão de compreender as ideias
dos filósofos e de saber explicá-las. Em filosofia, o objetivo é aprender a
discutir as ideias dos filósofos — ou seja, aprender a filosofar, gradualmente.
É como aprender a pintar ou aprender natação. Nos dois casos podemos aprender
muitas teorias sobre pintura e sobre natação, mas o objetivo dessa aprendizagem
é saber pintar um quadro ou saber nadar. Analogamente, é importante compreender
corretamente as ideias dos filósofos, mas o objetivo é saber filosofar e não
apenas saber repetir as ideias dos filósofos.
Isto significa que a filosofia é
uma disciplina muitíssimo criativa; não é apenas uma questão de compreender as
coisas, é uma questão de nos entregarmos à mesmíssima discussão a que os
grandes filósofos do passado e do presente se entregam. Significa que teremos
de apresentar ideias, argumentos, objecções, contraexemplos; teremos de
compreender corretamente os problemas em causa, para podermos avaliar as
diferentes teorias ou teses que procuram resolvê-los. Tudo isto significa que
temos de ter alguns instrumentos críticos, que nos permitam avaliar ideias e
argumentos, teorias e teses. A uma parte desses instrumentos críticos chama-se
lógica, tanto informal como formal. A lógica permite-nos estudar melhor os
argumentos dos filósofos e ajuda-nos a argumentar melhor a favor das nossas
ideias ou contra as ideias que consideramos erradas.
Para nos orientarmos nesta
disciplina, não basta saber que a filosofia trata fundamentalmente de problemas
em aberto. É preciso também ter uma ideia clara do tipo de problemas abordados
pela filosofia. Neste caso, a filosofia é parcialmente semelhante a uma
disciplina que todos conhecemos bem: a matemática. É semelhante à matemática no
sentido em que na matemática, ao contrário da física ou da história, não
tratamos de problemas empíricos; ou seja, não tratamos de problemas que
possamos resolver recorrendo à experiência empírica — à visão, medição, testes
laboratoriais, telescópios, microscópios, etc. Os problemas da matemática
abordam-se recorrendo unicamente ao pensamento, sem auxílio da experiência
empírica. O mesmo acontece na filosofia: os problemas da filosofia abordam-se
recorrendo unicamente a pensamento. Mas há uma diferença fundamental: na
matemática só se abordam problemas que podemos resolver ou pelo menos formular
formalmente, recorrendo aos formalismos da própria matemática. No caso da
filosofia, abordamos problemas que não podem ser resolvidos formalmente,
recorrendo à matemática ou à lógica.
Dito assim, até parece que a
filosofia não tem realmente seja o que for para estudar, porque se excluirmos
os problemas da matemática, que podem ser abordados pelo pensamento apenas, e
os problemas das ciências empíricas, que são resolvidos pela experiência e pela
experimentação, nada parece sobrar para ser seriamente estudado. Mas pensar
isto é um erro — apesar de alguns filósofos, surpreendentemente, terem
precisamente defendido, de modo mais ou menos explícito, que a filosofia era um
enorme disparate, por não ter um método seguro para alcançar resultados, como
as ciências e a matemática. Mas eis a filosofia em ação: se um filósofo nos
disser uma coisa destas sobre a filosofia, nós podemos perguntar-lhe por que
razão haveremos de aceitar que só é legítimo estudar os problemas para os quais
temos métodos decisivos de solução. E agora o filósofo fica em apuros, pois
seja qual for a resposta que der, esta resposta é tipicamente filosófica: será
um argumento, e esse argumento não será empírico nem formal. E assim mostramos
que a filosofia é inevitável, pois mesmo para refutar a filosofia temos de
argumentar filosoficamente: não há argumentos científicos ou matemáticos ou
históricos contra a filosofia.
Assim, os problemas da filosofia
são precisamente os problemas que queremos resolver porque nos preocupam — mas
não sabemos resolvê-los de outra maneira senão pensando tão cuidadosamente
quanto possível sobre eles. Não sabemos resolvê-los matematicamente, nem
empiricamente, nem historicamente. Tudo o que podemos fazer é pensar. Daí que,
num certo sentido, a filosofia seja a arte de pensar.
Por Desidério Murcho
(Universidade Federal de Ouro Preto).
Disponível em:
<http://criticanarede.com/ed_116.html >.
Acesso em 21 de novembro de 2013.
Confira 10 filmes para estudar filosofia e sociologia:
1.
Filme "Matrix" - Pleno de
efeitos visuais, trata-se de uma ficção científica em que as pessoas ficam
conectadas a um computador e vivem em uma realidade virtual, o que leva ao
questionamento sobre o que é o real.
Temas: alienação e ideologia, a
liberdade e o sentido.
2.
Filme "Crash - No Limite"
- O carro de uma mulher rica é roubado. A partir desse momento, uma série de
incidentes aproxima personagens de diversas origens étnicas e sociais de Los
Angeles.
Temas: racismo e problemas urbanos.
3. Filme "O Show de Truman"
- À semelhança dos programas tipo reality show, em que os telespectadores
acompanham o cotidiano dos "personagens". Nessa história, porém,
Truman não sabe que é televisionado nem que tudo na sua vida é ilusório.
Temas:
ideologia e alienação.
4.
Filme "Menina de Ouro" -
Um treinador de boxe, após haver rompido com sua filha, se isola e não mais se
envolve com ninguém. Contudo, certo dia, entra em seu ginásio a boxeadora
Maggie Fitzgerald. Os dois iniciam uma vitoriosa, dolorosa e trágica história
de amor, em meio à força e fragilidade da vida.
Temas: liberdade, o sentido e a
condição humana.
5.
Filme "A Ilha" - A
narrativa se passa em 2050 em um grande complexo nos Estados Unidos, onde todos
dizem ser os únicos sobreviventes de um ataque de vírus mortal que devastou a
Terra. O único lugar onde tal vírus não
chega é chamado de A Ilha, e os moradores do complexo por vezes ganham uma
visita a ele como prêmio.
Temas:
filosofia da ciência e bioética e sobre o mito da caverna de Platão.
6. Filme "Diários de
Motocicleta" - Baseado nos diários de Ernesto Che Guevara, mostra a viagem
do líder revolucionário e Alberto Granado por diversos países da América do
Sul.
Temas: cultura dos povo s latinos e desigualdade social.
7.
Filme "Entre os muros da
escola" - Documentário sobre uma escola pública de Paris que recebe alunos
filhos de imigrantes.
Temas: preconceito, desigualdade social e violência.
8. Filme "Histórias
Cruzadas" - O filme retrata a relação de uma jornalista branca e duas
empregadas negras, durante a era americana dos Direitos Civis, na década de
1960. Temas:
preconceito racial e desigualdade social.
9.
Filme "A Onda" - Relata a
experiência de um professor alemão que tenta transformar sua sala de aula em
uma sociedade fascista, como exercício prático. Contudo, ele acabar perdendo o
controle da situação.
Temas: alienação e ideologia.
10. Filme "Central do Brasil"
- A personagem Dora (Fernanda Montenegro) ganha a vida escrevendo cartas para
pessoas analfabetas na estação de trem Central do Brasil, no Rio de Janeiro.
Acaba conhecendo Ana e seu filho, Josué, que sonha em encontrar seu pai. Após a
morte da mãe do garoto, Dora viaja com ele para o Nordeste, tentando realizar
seu desejo. Tema: desigualdade social.
Disponível
em: <http://educacao.uol.com.br/album/2013/06/20/confira-sugestoes-de-filmes-para-estudar-filosofia-e-sociologia.htm#fotoNav=1>.
Acesso em 21 de novembro de 2013, adaptado.
Por que estudar Filosofia?
Os jovens na escola
sempre perguntam por que têm que estudar
filosofia se isso não irá acrescentar nada de bom nas suas vidas, mas o
objetivo de estudar filosofia é de ter uma consciência mais critica.
Estar buscando o
sentido da vida e também a pensar observando os dois pontos de uma questão, a
filosofia consiste em você estar buscando a verdade e também no desvelar das
coisas, no questionamento fundamentado no pensamento racional.
Para quem estuda é
filosofia é estar buscando uma mente critica sobre toda a realidade que está a
sua volta.
Aprender Filosofia é
aprender a olhar o mundo e os fatos com mais cuidado e mais responsabilidade,
procurando analisar os seus porquês. Aprender Filosofia é aprender a analisar o
comportamento social com mais abrangência, procurando compreender as atitudes
das pessoas e dos grupos para poder interferir no momento certo e da forma mais
acertada, para alcançar os seus objetivos.
O caminho é simples e
prático. Observe a criança, sua natural curiosidade e sua verdadeira
criatividade. Embora ela, além de amor, precise de limites para o entendimento
das regras sociais e o despertar do necessário instinto da conquista, ela não
deveria ser tolhida em sua curiosidade nem em sua criatividade.
Se adotarmos esse
modelo para nós mesmos, veremos que os limites são os éticos, que devemos estar
sempre dispostos a adotar, mas curiosidade, exercício do questionamento,
análise neutra dos fatos e criatividade devem ser incentivadas a cada instante,
já que é a única forma de crescermos intelectual e emocionalmente e afastarmos
o fantasma da mediocridade.
Fonte: <http://aprendendofilosofia.blogspot.com.br/2009/03/por-que-estudar-filosofia.html >. Acesso em 21 de novembro de 2013
Educação no Brasil - Informação
Espera-se que a educação no Brasil resolva, sozinha, os problemas sociais do país. No entanto, é preciso primeiro melhorar a formação dos docentes, visto que o desenvolvimento dos professores implica no desenvolvimento dos alunos e da escola . Ao propor uma reflexão sobre a educação brasileira, vale lembrar que só em meados do século XX o processo de expansão da escolarização básica no país começou, e que o seu crescimento, em termos de rede pública de ensino, se deu no fim dos anos 1970 e início dos anos 1980.
Com isso posto, podemos nos voltar aos dados nacionais:
O Brasil ocupa o 53º lugar em educação, entre 65 países avaliados (PISA). Mesmo com o programa social que incentivou a matrícula de 98% de crianças entre 6 e 12 anos, 731 mil crianças ainda estão fora da escola (IBGE). O analfabetismo funcional de pessoas entre 15 e 64 anos foi registrado em 28% no ano de 2009 (IBOPE); 34% dos alunos que chegam ao 5º ano de escolarização ainda não conseguem ler (Todos pela Educação); 20% dos jovens que concluem o ensino fundamental, e que moram nas grandes cidades, não dominam o uso da leitura e da escrita (Todos pela Educação). Professores recebem menos que o piso salarial (et. al., na mídia).
Frente aos dados, muitos podem se tornar críticos e até se indagar com questões a respeito dos avanços, concluindo que “se a sociedade muda, a escola só poderia evoluir com ela!”. Talvez o bom senso sugerisse pensarmos dessa forma. Entretanto, podemos notar que a evolução da sociedade, de certo modo, faz com que a escola se adapte para uma vida moderna, mas de maneira defensiva, tardia, sem garantir a elevação do nível da educação.
Logo, agora não mais pelo bom senso e sim pelo costume, a “culpa” tenderia a cair sobre o profissional docente. Dessa forma, os professores se tornam alvos ou ficam no fogo cruzado de muitas esperanças sociais e políticas em crise nos dias atuais. As críticas externas ao sistema educacional cobram dos professores cada vez mais trabalho, como se a educação, sozinha, tivesse que resolver todos os problemas sociais.
Já sabemos que não basta, como se pensou nos anos 1950 e 1960, dotar professores de livros e novos materiais pedagógicos. O fato é que a qualidade da educação está fortemente aliada à qualidade da formação dos professores. Outro fato é que o que o professor pensa sobre o ensino determina o que o professor faz quando ensina.
O desenvolvimento dos professores é uma precondição para o desenvolvimento da escola e, em geral, a experiência demonstra que os docentes são maus executores das ideias dos outros. Nenhuma reforma, inovação ou transformação – como queira chamar – perdura sem o docente.
É preciso abandonar a crença de que as atitudes dos professores só se modificam na medida em que os docentes percebem resultados positivos na aprendizagem dos alunos. Para uma mudança efetiva de crença e de atitude, caberia considerar os professores como sujeitos. Sujeitos que, em atividade profissional, são levados a se envolver em situações formais de aprendizagem.
Mudanças profundas só acontecerão quando a formação dos professores deixar de ser um processo de atualização, feita de cima para baixo, e se converter em um verdadeiro processo de aprendizagem, como um ganho individual e coletivo, e não como uma agressão.
Certamente, os professores não podem ser tomados como atores únicos nesse cenário. Podemos concordar que tal situação também é resultado de pouco engajamento e pressão por parte da população como um todo, que contribui à lentidão. Ainda sem citar o corporativismo das instâncias responsáveis pela gestão – não só do sistema de ensino, mas também das unidades escolares – e também os muitos de nossos contemporâneos que pensam, sem ousar dizer em voz alta, “que se todos fossem instruídos, quem varreria as ruas?”; ou que não veem problema “em dispensar a todos das formações de alto nível, quando os empregos disponíveis não as exigem”.
Enquanto isso, nós continuamos longe de atingir a meta de alfabetizar todas as crianças até os 8 anos de idade e carregando o fardo de um baixo desempenho no IDEB. Com o índice de aprovação na média de 0 a 10, os estudantes brasileiros tiveram a pontuação de 4,6 em 2009. A meta do país é de chegar a 6 em 2022.
Dicas de leitura
"Este livro é uma prova admirável de como a Filosofia está cada vez mais viva e atual. O leitor encontrará formuladas e respondidas muitas das questões filosóficas que certamente já se colocou nas situações mais banais e inesperadas da sua vida: interrogações acerca do que é certo ou errado fazer em determinadas situações, acerca da morte, do valor da vida, da natureza da arte, do amor, do sexo, da guerra, da verdade, da tolerância, da linguagem e muitas outras."
"O MUNDO DE SOFIA", DE JOSTEIN GAARDER
Cartas anônimas começam a
chegar à caixa de correio da menina Sofia. Elas trazem perguntas sobre a
existência e o entendimento da realidade.O autor conta a história da Filosofia, dos pré-socráticos aos pós-modernos, de maneira
acessível a todas as idades.
O Mundo de Sofia é um livro indicado a
pessoas que pouco ou nenhum conhecimento tem de Filosofia e que nunca tiveram
contacto com este reino dos porquês. Esta obra é sobretudo
enriquecedora e de fácil leitura.
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